Meu historial como fumador...
Quando tinha cerca de 15 anos e na chamada idade parva..., frequentando talvez o meu 8º ou 9º ano de escolaridade, com o grupo de amigos mais chegados, aqueles que nos chamamos de “irmãos” surge a fase das experiencias para mostramos que já éramos homenzinhos, surgi-o a vontade de experimentar fumar, nomeadamente quando íamos para as visitas de estudo, onde em grupo comprávamos um maço de Marlboro e Gigante e às escondidas divididamente íamos fumando...
Após passar esta primeira fase de experimentação em grupo, começou a ficar o vício de deitar fumo pela boca e pelo nariz. Na altura havia a venda tabaco avulso num café perto da escola onde passávamos os intervalos maiores e os feriados com o nome nunca mais esquecido por muitos que por ali passaram de Café o Mileu, onde diariamente comprava cerca de 4 cigarritos a 20 escudos cada já que a guita também era pouca. Ao fim de algum tempo fora proibido a venda dos cigarros avulso onde comecei a comprar um macito de vez enquanto de marca Chesterfild Light, marca esta na altura era mais em conta em boato que o Light (trocado hoje em dia pela cor azul) fazia menos mal á saúde.
Já na altura o pessoal amigo do simples cigarro falava em fumar um charrinho, principalmente quando era os finais dos períodos..., mas em relação a esse "vírus" fui sempre imune e utilizava a mentalidade e orgulho de não experimentar como vacina, pois foi coisa que nunca me passou pela cabeça experimentar.
Até aos meus 17 anos e sempre às escondidas ia fumado uns cigarritos quando me apanhava sozinho em casa, atrás da escola ou em viagens do grupo de jovens.
Em 1998, ano da Expo foi o ano em que passei a ser maior de idade fizera os meus 18 anos. Dois meses antes entrei para o kayak-Polo e na altura passei a acompanhar com o pessoal da equipa, todos eles mais velhos e fumadores, mas já pouco tempo antes por opção deixara eu de fumar, talvez porque estava a passar a idade parva, mais velhinho com mais juízo e orgulhosamente me sentia no grupo de 11 atletas onde eu e outro éramos os únicos que não fumávamos.
Com o passar do tempo acabei por sair do Kayak e um ano depois já não fazia parte da equipa, um dos motivos fora ser novamente repetente...De castigo comecei por ir bulir nas férias do verão para a loja do meu velho mas a receber guito (ordenado no bolso) assim também comecei as noitadas com o pessoal, alguns dias de férias bem longe de Estremoz e assim também o tabaco voltou novamente.., embora sempre as escondidas dos meus pais(embora por mais que pensássemos em esconder é impossível) mas mesmo com medo que me apanhassem tornei-me fumador activo.
Em 2001 foi um ano muito duro psicologicamente para mim, pois em Abril entrei para a tropa, mais precisamente para o quartel de engenharia em Tancos onde devido a levar tudo muito a peito acabei por "penar psicologicamente com o afastamento da família e dos amigos" principalmente nos primeiros três meses durante a recruta. O tabaco continuava sempre no bolso, onde antes de chegar ao quartel e todos os domingos com o pouco dinheiro de "mesada" que os meus velhos me davam (cerca de 5 contos) comprava quatro macitos e onde infelizmente acabei por aderir mais um vício mau que foi o fumar ao levantar em jejum. Nos primeiros meses nunca tive uma marca fictícia e entre várias marcas que fora experimentado ficou o Camell, que posteriormente encareceu e com um ordenado curto enverguei pelo Português Suave Azul, marca esta que fiquei fiel até desaparecer do mercado (final do ano 2010).
As voltas estavam agendadas para todos os domingos de manha há semelhança do que ainda hoje acontece onde eu inicialmente levava o bom do macinho do tabaco no bolso e após fazer algumas subidas por exemplo ao Castelo ou S. Gens enquanto aguardava pelo pessoal mais atrasado aproveitava o descanso para fumar um cigarrinho..., até ao ponto do Sr. Carlos B. me dizer que era a ultima vez que fumava ao pé dele na volta domingueira, então por vergonha e respeito acabei por deixar de levar o macito nas voltas, mas o vício continuava...
Em 2010 atingi um dos meus melhores momentos físicos com a conquista de alguns pódios, onde os cigarros foram sempre um fiel companheiro meu pois tanto antes das maratonas como logo a seguir era uma presença constante na minha boca para espanto de muitos como é que eu conseguia tal proeza.
O ano seguinte em 2011, apesar de eu sentir a mesma forma física e garrado anterior ano, já não foi tão sorridente a nível de resultados, talvez por culpa de vários factores: a boa forma física dos outros atletas, a dedicação mais assídua dos mesmos, o uso de algumas sustâncias, melhores máquinas e eu acabei por ficar "parado no tempo" a viver dos bons resultados, um ano mais velho e com a continuação do cigarrinho cerca de 15 por dia para não aumentar o número nos fins-de-semana e dias de noitadas. Mesmo assim em geral nunca deixei afastar o top 10.
Ultimamente ao acordar todos os dias eram cheios de tosse, a mandar gosmas que mais parecia bocados de carvão do pulmão, por vezes com vómitos a sentir um "afogo", sintomas esses bem como a pedalar... Comecei por estipular uma data, escolha essa que no dia 01 de Janeiro iria deixar de fumar pela minha saúde, carteira e meu desempenho físico. Para tal pelo conhecimento e histórias vividas por quem largou este vício, umas conseguindo melhor, outras pior, eu sabia que iria ter uma grande batalha com a nicotina, ou falta dela.., sendo a maior maratona que irei enfrentar, mas também me conheço perfeitamente psicologicamente e sei que hoje em dia tenho "conquistado muitos" troféus graças a essa mesma mentalidade que se traduz em espírito de sacrifício...
Então comecei antes mesmo de acabar de fumar (cerca de 3 semanas antes) a me mentalizar que a partir de dia 01 Janeiro iria deixar o cigarro, bem como utilizar os sintomas maus que me estavam afectar causados pelo tabaco, como um motivo extra para deixar de fumar. Mas como eu sabendo e ouvindo a versão de pessoas que a perda de humor era um dos factores principais da falta da maldita nicotina, meti na cabeça que a solução estava nos pensos embora sendo caros (cerca 37€, pensei se consegue-se deixar de fumar iria ganhar muito mais € e saúde...).
Nos pensos existiam 3 dosagem (fases) de gramas de nicotina. Eu fiquei pela fase do meio, pensos com 14g de nicotina para quem fuma menos de um maço, mas fora-me aconselhado a fazer as 3 fases de pensos... Cada caixa independentemente da fase traz 14 pensos, ou seja para 14 dias.
Mas o meu objectivo na utilização dos pensos seria tentar enganar o organismo, tentando esquecer o hábito de fumar já que no meu caso passava um pouco por um relógio biológico (ao acordar fumava um cigarro, ao pequeno-almoço, depois do almoço, lanche, antes de ir ao ginásio, depois á saída, antes das provas, logo apos os esforço físico e maior quantidade nas saídas á noite), tudo isto em média daria cerca de 15 cigarros e nos fins-de-semana cerca de 20 ou mais.
No dia 01 de Janeiro de 2012 por volta da 8 da manha saboreei o que seria o ultimo cigarro, antes de me deitar da noite da passagem de ano. No dia antes já tinha comprado os ditos pensos que me iria “alimentar” o vício. Cerca da 18h sai de casa como faço todos os fins-de-semana a ter com a minha namorada e os amigos ao bar, onde minutos antes já teria colado o dito penso. Entre muita conversa e algumas cerveja o desejo de pegar o maldito cigarro apareceu, com uma pastilha na boca foi tentando enganar o maldito vicio (superado).. Segunda-feira dia de trabalho seria um dia bem pior, pois sabia que iria estranhar e muito a falta do cigarro no já meu dito “relógio biológico”. Fui-me aguentando a manha toda só que após o café antes de ir bulir há tarde não resisti e fumei um cigarro, pois fiquei com um maço aberto que sobrou do ano novo e assim tentação ainda foi maior e não resisti. A tarde lá passou onde ia tentando desviar o pensamento do cigarro. A noite entrou e eu sai novamente até ao bar a beber unas jolas, apos o maldito café fiquei novamente desorientado, mas o meu objectivo era deixar de fumar e não queria dar o “braço a torcer”, então com mais umas pastilhas e distracção no telemóvel a escrever um texto para o jornal como costumo fazer, aguentei-me. No terceiro dia a hora de almoço novamente marchou mais um cigarro, isto aconteceu durante a semana toda mesmo com os pensos fumei sempre um cigarrito, mas sentia que estava a controlar-me e que afinal não era assim tão difícil.
Em análise pessoal e já com seis semanas passadas, embora não me considere “curado desta doença”, pois sei que ainda tenho uma grande batalha, mas a pior talvez já a tenha vencido. Posso dar a minha opinião pessoal que afinal é tudo psicológico é tudo do nosso cérebro, nós é que temos que ter muito opinião ao comandamos o cérebro, não ele a nós… com muita força de vontade se consegue deixar de fumar, onde os pensos para mim acabaram por ser uma grande ajuda psicológica. Mas a principal conclusão que tirei desta experiencia é que não é assim tão difícil deixar de fumar.